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Brotte La Fiole du Pape Chateauneuf du Pape Magnum
Châteauneuf-du-Pape é a AOC mais famosa do sul do Rhône. A viticultura nesta região deu-se início ainda no século XII, porém sua relação papal começa no século XIV com o papado de Bonifácio VIII e suas desavenças com o rei da França, Felipe IV, o Belo. Após a morte de Bonifácio e o breve papado de Bento XI, Raymond Bertrand de Got, arcebispo de Bordeaux é eleito papa sob o nome de Clemente V. Clemente recusa-se a ir a Roma e muda a sede papal para Avignon, onde permanece por 67 anos. O vinho que era servido no palácio papal em Avignon era conhecido como Vin du Pape. Foi o sucessor de Clemente, o papa João XXII que mandou construir sua residência de verão, um castelo, em uma vila situada a 20km de Avignon, a pequena Châteauneuf. Somente em 1893 a vila passou a ser oficialmente chamada de Châteauneuf-du-Pape. Em 1923 foi criado o sindicato dos produtores de Châteauneuf-du-Pape e estabeleceram-se regras para garantir a qualidade dos produtos, foi a primeira regulamentação da França e serviu de base para a criação das futuras AOCs. Finalmente em 1937 a garrafa padrão utilizada foi criada, a qual deve ter em alto relevo as Chaves Cruzadas, que são o símbolo do papado. O La Fiole du Pape é o Châteauneuf-du-Pape mais vendido do mundo! Apesar de sua garrafa possuir em alto relevo o símbolo do papado (obrigatoriedade da AOC), ela tem um design único, retorcida e empoeirada. Foi criada em 1952 por Charles Brotte, a qual ficou em primeiro lugar em um concurso de ceramistas. O formato da garrafa representa as vinhas nodosas e retorcidas típicas da região devido à sua luta de crescimento contra o vento Mistral. Dentre as características que distinguem um Châteauneuf-du-Pape, o que mais surpreende é seu solo, formado por pedras grandes, redondas e macias (chamadas de Galets) misturadas com argila, chega a alcançar 6 metros de profundidade. Apesar de a AOC permitir, atualmente, até 22 variedades para a produção do Châteauneuf-du-Pape, o La Fiole de Pape utiliza as quatro principais, Grenache, Syrah, Mourvèdre e Cinsault. Sua produção é inspirada na região de Champagne, onde se faz vinhos non-vintage (misturando vinhos jovens com cuvées de reservas mais antigos) para garantir a consistência de seu estilo ano após ano (único vinho tinto AOC na França a utilizar essa técnica). Suas uvas são provenientes de colheita 100% manual e cada variedade tem sua fermentação alcoólica e malolática em grandes tanques de concreto. Após amadurece entre um e cinco anos em barris de carvalho centenários. Então, após toda essa aula de história, nossos sommeliers também estavam na expectativa - o que tem dentro dessa garrafa?? Servido o vinho na taça logo constatamos uma ótima complexidade, revelando camadas de aromas que começa com frutas vermelhas e negras, frescas e maduras como cereja, groselha, cassis, amora, passando para notas minerais de pedra molhada, folhas secas e de especiarias como pimenta e alcaçuz finalizando com toques terrosos, de cogumelos e de cedro. Em boca, apresenta incrível integração entre corpo, taninos e acidez, é potente, porém delicado, muito intenso e persistente. Seus sabores acompanham as notas olfativas, mas a sua acidez vibrante acentua seu caráter mineral. Realmente um vinho que agradará desde enófilos iniciantes até os mais experientes.